Posts tagged ‘Histórias de criança’
Letramento
Olívia Bandeira de Melo
Ganhou um presente dos tios, embrulhado em um papel brilhante.
Apertou para tentar adivinhar.
– É um chocolate? Um livro?
Quando abriu, descobriu um diário e ficou fascinado.
Escreveu, alternando letras cursivas e de forma, como se subisse uma montanha:
05/07/2009
Hoje eu ganhei um diário.
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Hoje eu fiz pitisa.
Era aniversário do Gabriel.
Antes de registrar os feitos do dia falou com a mãe:
– Pizza é italiano, eu não sei escrever, você vai ter que me ajudar.
– P-I-Z-Z-A – soletrou a mãe.
– … Não, assim ninguém vai entender, vou escrever em português mesmo.
A pitisa era de mussarela.
Dia das Crianças (homenagem a Vinícius)
Olívia Bandeira de Melo
Vou seguir o tema das últimas postagens e continuar na música. A homenagem, dessa vez, é pra Vinícius de Moraes, e graças ao meu filho Antônio. Ontem, depois de cantar “A casa”, “O ar (O vento)” e “O pato”, ele me disse:
– Mãe, quero conhecer Vinícius de Moraes e Toquinho.
Inocentemente, respondi:
– Filho, Vinícius já morreu.
Passada uma hora e meia de tristeza (parecia ter perdido um avô querido) e só depois que prometi mostrar a ele alguns vídeos em que Vinícius aparece, Antônio resolveu o problema:
– As pessoas aqui no Brasil não sabem, mas Vinícius não morreu, ele agora mora na China.
Em nossa pesquisa no Youtube, além do musical “A Arca de Noé”, exibido pela Rede Globo em 1980, encontramos este curta sobre o poetinha, feito por Fernando Sabino e David Neves, e lançado recentemente em DVD (Encontro Marcado com o cinema de Fernando Sabino e David Neves) pela Biscoito Fino:
Diálogo entre pais e filho
Olívia Bandeira de Melo
– Pai, quero ser rico e famoso.
– Pra que, meu filho? – responde o pai, desanimado.
– O Zico é rico e famoso.
A mãe escuta ao longe e se mete na conversa:
– Filho, pra que ser rico e famoso se tem tanta gente pobre, tanta desigualdade nesse mundo?
– Ah, então tá, mãe. Quero ser pobre e famoso.
…
Chegada da escola
Olívia Bandeira de Melo
Crise de identidade
Olívia Bandeira de Melo
A mãe da Nina, amiga e colega de sala do Antônio, ambos com quatro anos, me contou a seguinte estória.
A professora disse:
– Francisco, você é um ser humano.
Francisco, contrariado, respondeu:
– Não, tia, eu sou Francisco.
Alguns segundos de silêncio e a professora perguntou se alguém gostaria de explicar.
Achou que, da boca de um amiguinho, a explicação sairia mais plausível.
Antônio levantou a mãozinha:
– Fran, todos nós somos seres humanos.
Ah, agora sim.
A aula pode continuar.
Foto: O menino maluquinho, tirada por Antônio
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